o olhar pousou nela por acaso, enquanto contava as janelas da carruagem para se entreter. tinha o cabelo loiro, preso atrás por um elástico colorido, olhos em forma de amêndoa e uma boca suave, realçada pelas maçãs do rosto coradas. pensou que nunca tinha visto pessoa tão adorável. continuou a observá-la secretamente e, embalado pelo barulho do comboio, sonhava com ela, construía um futuro como quem cria castelos de cartas, saltando de sonho em sonho até precisar desesperadamente de a conhecer, sentindo o ar a fugir-lhe e a troçar dele e da sua timidez. procurou encontrar-lhe o olhar mas ela lia, absorvida noutro mundo, indiferente às sacudidelas da carruagem. esperando um golpe de sorte, continuou a admirá-la, até que de repente ela ergue o rosto e olha directamente para ele. ele baixa a cabeça apressadamente, cora e não volta a fitá-la.amaldiçoa a sua falta de coragem, mas pensa, abatido: "como se ela fosse olhar para mim...".
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sentia uma impressão estranha. quase como se estivesse a ser observada. sente-se incómoda, cruza e descruza as pernas, passa páginas à frente sem as ler. impaciente, levanta a cabeça do livro e encontra o olhar de um rapaz sentado perto dela. "olhos castanhos aveludados", pensa. e depois recrimina-se: "que disparate..." contudo, durante a viagem continua a dirigir-lhe olhares sub-reptícios. absorve os ténis, as calças rasgadas, a t-shirt de um herói de bd, entretém-se a analisar-lhe as feições. gosta dos maxilares fortes, da boca generosa, do olhar, do cabelo despenteado. "olha para mim outra vez", pede. mas ele sai, passado um bocado, de cabeça baixa. "oh, como se ele se fosse interessar por mim...", suspira resignada.
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sentia uma impressão estranha. quase como se estivesse a ser observada. sente-se incómoda, cruza e descruza as pernas, passa páginas à frente sem as ler. impaciente, levanta a cabeça do livro e encontra o olhar de um rapaz sentado perto dela. "olhos castanhos aveludados", pensa. e depois recrimina-se: "que disparate..." contudo, durante a viagem continua a dirigir-lhe olhares sub-reptícios. absorve os ténis, as calças rasgadas, a t-shirt de um herói de bd, entretém-se a analisar-lhe as feições. gosta dos maxilares fortes, da boca generosa, do olhar, do cabelo despenteado. "olha para mim outra vez", pede. mas ele sai, passado um bocado, de cabeça baixa. "oh, como se ele se fosse interessar por mim...", suspira resignada.
3 comentários:
Reciprocidade ;)
Muito bom!!!
se o gajo saisse noutra estação...
provavelmente a história teria o mesmo desfecho...
(acho eu)
É a "estória" da minha vida... :)
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