quinta-feira, junho 30, 2005

sinto-me agridoce, puxada por ventos contrários para sítios distantes de mim, embrulhada num turbilhão de perguntas e incertezas.

e grata. por saber que nem toda a gente tem um vazio no lugar do coração.

feel so small...

in the deep...


Thought you had all the answers
to rest your heart upon
but something happens
don't see it coming, now
you can't stop yourself
now you're out there swimming
in the deep

Life keeps tumbling your heart in circles
till you let go
till you shed your pride and you climb to heaven
and you throw yourself off
now you're out there spinning in the deep

(bird york)

há colisões pelas quais nos sentimos gratos.

de saída.

há uma grande nostalgia no arrumar de bagagens, no progressivo despojar de uma divisão. deixa-se tanto para trás de nós: o que é, o que poderia ser... o que foi. memórias entretecidas em cada centímetro de casa, quarto. choros e risos partilhados pelas paredes, que escutam os segredos suspirados a meia-voz. o amor e o ódio testemunhados pelo espelho. o crescimento que quase se pode marcar com traços negros na porta.

a partida deixa-me triste, triste... deixa-me partida.

quarta-feira, junho 29, 2005

segredares-te-me.




tenho fome de um segredo.
não há nada em que paire mais sedução.
o segredo torna tudo mais nosso.
o segredo era teu e meu e de mais ninguém.
o segredo vivia no olhar cúmplice, nas mãos dadas de forma discreta.
palavras que me faziam cócegas no coração.
que me ofereciam sorrisos alheios [porque o mundo parecia estar todo de felicidade desperta].
que me ofereciam uma leve claridade [porque o escuro era menos escuro e os dias cinzentos pareciam eternamente retardados].


tenho fome de um segredo.


[não TE digas a niguém].

jardim de inverno.




talvez seja mesmo isso, pedro.
não devias acreditar quando tenho uma vaga de optimismo à espreita. talvez seja mesmo isso.
talvez seja mesmo assim.
sem esperança.


se calhar sou mesmo um jardim de inverno.

dez horas de sono...

... sou uma privilegiada!

gosto destes dias de verão em que o céu é de outono. sabe-me bem esta mudança; desde miúda que adoro a chegada do outono, o tempero do calor em demasia que cada ano aumenta, aumenta... estas alturas recordam-me sempre de outonos passados, e hoje de manhã, ao ver o céu cinzento, lembrei-me de começos de aulas antigos, das pessoas novas, das primeiras chuvas...

provavelmente digo isto apenas porque hoje não posso ir à praia. que me dizem? acham que sim? se calhar se acordasse empenhadíssima em mergulhar nos meus banhos de sol este tempo já me irritava. mas hoje aprecio a folga daquele calor de torrar que me queima só por estar numa esplanada.

oh... deambulações matinais!

bom dia!

segunda-feira, junho 27, 2005

decisões



começam as férias e o descanso dá lugar à análise do ano que passou. pesam-se os erros num prato da balança, os bons momentos no outro. equilibram-se? não? assim-assim? é que há coisas tão boas que uma delas conta como várias más... é aí que está o equilíbrio. na doçura após a tempestade, na calma após o furacão. o momento "eureka" depois da confusão dos sentidos.

este verão, certas coisas vão ter que mudar. gostava de sair desta minha pele e enfiar-me numa sem marcas, queimaduras, cicatrizes. mas como não vai ser possível... receitas de época balnear: protector e hidratante... mais vale não magoar mais.


(é que o primeiro pêssego do verão traz sempre o sabor de sóis passados... e induz a esperança.)

Posted by Hello

domingo, junho 26, 2005

de costas voltadas para parágrafos anteriores.



rumo a uma costa - nova em todos os sentidos -, rumo a objectivos de vida momentânea.

[largar os diversos fantasmas. soltá-los. desapertar as amarras que nos prendem a esses entraves de seguimento.

'desempoeirar' os armários.

comprar roupagem de vida nova.

queimar complexos de inferioridade. adaptar os novos interiores à pele velha.

contornar as luas de fase crescente. viver à sombra do sol.

dançar melodias inofensivas.

cantar refrões duradouros].




rumo a amores livres.

finding neverland...


foi impressionante ver como me tocou um filme. deixou mil e uma ideias a rodopiar em mim, chocando umas contras as outras, troçando do meu ar aflito ao tentar ordená-las.

todos nós temos a nossa terra do nunca, onde nos refugiamos de queixo enfiado nos joelhos e pensamos furiosamente - como se ao tentar encontrar uma explicação racional a dor se esvaísse em fumo. a meio do filme diz-se que mal se encontra um pouco de felicidade neste mundo, vem logo alguém a correr alegremente para a arruinar. se calhar é por isto que eu guardo aqueles tais momentos de perfeição genuína cada vez mais para mim. sei que corro o risco de regressar à minha própria neverland e descurar o que de real me rodeia, só que por vezes dói demais ver a falta de certas coisas - ver olhos brilhantes a menos, sorrisos a menos, honestidade a menos, humildade a menos.

tenho saudades da ingenuidade de outrora, em que acreditava piamente que as pessoas que eu mais adorava nunca morriam. nunca se afastavam. nunca desapareciam, deixando um vazio a transbordar de saudade. saudades, saudades, saudades... de tudo me parecer enorme e novo e excitante, de sorrir sem reservas, de ir dormir com a alma em paz...

sim, sei que a terra do nunca não é a realidade onde construímos as nossas vidas, castelos de areia de sonhos, onde lançamos papagaios de papel com palavras de esperança. mas não fica muito atrás.

fica no meio. assim a meio caminho entre o sonhar de olhos abertos e o dormir de olhos apenas meio fechados.


- onde é a terra do nunca?
- dentro de ti. onde ainda guardas, a sete chaves, o sonho de voar. onde és tu próprio.
- e se eu não a encontrar?
- é porque não procuraste bem... ela está lá, à tua espera. está sempre. nós é que nos esquecemos de sonhar. perdemos o mapa. o X marca o local...

sábado, junho 25, 2005

três mil maçãs.




há dias em que até quatro maçãs vermelhas me transformam num sorriso desconfiado.


colagens.

pano de fundo, os jardins. os nossos jardins.
voltar a pisar a poeira de tempos secundários, brindar a uma união já desunida, regressar à primeira fila, aos refrões desafinados, ao ska incrivelmente mal dançado, ao improviso dos gestos e das palavras cantadas, à amizade pura, não-labiríntica.

cruzar o presente com o passado. chorar a tua presença em forma de ausência, o teu mais-que-imperfeito olhar sobre mim.

colar com fita-cola estes dois pedaços de vida - o antigo e o recente - e perguntar pelo futuro.
esperar pelo amanhã.
dormir na certeza de que não é isto que quero, não és tu quem quero, não és tu quem posso querer.

brincar com o fogo.




brincar com o fogo apagado.

quebrar as palavras mudas que impuseste como ingrediente essencial na não-relação.

cultivar uma proximidade infeliz.

sussurrar-te gosto de ti e o sussurro dissolver-se na música que se ouve ao longe.



monólogos dialogados:
- deixo coimbra na sexta.
- [ ]* *silêncio-cortante-mortífero-desgastante-a-acrescentar-ao-
olhar-de-indiferença-de-fatal-indiferença-pior-do-que-mil-palavras
-aguçadas.

sexta-feira, junho 24, 2005

olhem...



(aveiro)

...não é perfeito?


Posted by Hello

(suspiro)


what I'd rob from a stolen moment
I'd sell for time


(cousteau)

sabe-me bem este cansaço bom, esta moleza que se estende, que me faz sair da cama apenas para me ir deitar no sofá...

por que é que a arte de não fazer nada não é mais reconhecida? faz-nos tão bem de vez em quando parar o fluxo ininterrupto dos "tenho que", "devia ir", "preciso mesmo de"... o que o ser humano precisa muitas vezes é de apenas parar para apreciar o que tem. e sentir quem é. e mostrar que gosta de alguém. e dormir e sonhar. e passear a pé em vez de se enclausurar num carro quentíssimo. ler o jornal de manhã com calma. andar de mão dada. sorrir como um gato a espreguiçar-se...

a arte dos prazeres simples é infinitamente complicada.


quarta-feira, junho 22, 2005

mala de não-viagem.



espreitei para debaixo da cama e encontrei o monstro do Passado.
a mala de viagem (outrora pertencente à já falecida dona lina) que carrega os meus blocos de notas, as minhas imagens, uma flor de papel que alguém me terá oferecido, uma flor de pétalas mortas que niguém me ofereceu, fotografias já amareladas, cassetes que cantam a janis, os morphine, o jeff. esta mala é um verdadeiro berço da morte.
guardo-a longe do pó e junto da minha constante memória. aproximo-a da vida.

encontrei o meu tio.
ele é um passado desconhecido, mas mais conhecido que muitos presentes.
a lei foi quebrada - mais uma vez - e ele partiu antes de mim.

encontrei o meu tio.
e ele é igual a mim.


'um dia (...) compreenderás melhor o que será que leva os homens e as coisas a evoluirem tão fantasticamente.
e então saberás sentir toda a nostalgia inquietante que se desprende das coisas antigas'.
[ josé antónio de lucena beltrão poiares, 1959, excerto de uma carta para o meu pai].
quem diria que os estados de alma também podem ser congénitos?


domingo, junho 19, 2005

cruising



(eu tirei daqui)

(descobri agora mesmo esta artista, beryl cook.. adorei, mesmo mesmo... e quis partilhar com vocês.)

é o que me apetece. to cruise away from here, até à minha ilha pequenina onde me sento com os pés no mar e sonho de olhos abertos. uma espécie de terra dos sonhos.

*



Posted by Hello

smile, you're on candid camera.


o mundo é uma anedota filmada.
mas não te habitues à transparência dos dias. planeia telas de cores misturadas com sabores, com sons, com leves passagens de mãos sobre os teus cabelos.
sei como é ser espectadora de caminhos percorridos por uma multidão, sei o que é beijar sombras de ausências.
sei o que é guardar versos para leitores mortos, mortos,
mortos.
a dor maior que vive na lentidão da passagem do tempo dorido, que crava feridas no coração.
o mesmo [e o de sempre] grito silenciado por rostos infames que criaram ruínas, as nossas ruínas.
somos orfãs de amor. viajantes sem itinerário definido, sem sequer ter rua oca para morar. a luz das janelas há muito que não incide sobre nós. guardámos destroços para ficar permanentemente num escuro muito escuro.
o sangue estancou, vivemos agora na secura das veias - são só os estilhaços que percorrem o corpo. vidros de antigas peças dançantes, vidros de música sem fim, sem refrão repetido a alta voz.
o mundo é uma anedota filmada.

sábado, junho 18, 2005

meet the lucky one...



este é o lucky.
o lucky é um cãozinho absolutamente adorável, que esta tarde resolveu sentir-se fatigado e sentou-se a meio da passadeira. lá fui eu tentar que ele saísse de lá - nem a mais pequena parte de mim acreditou que os carros fossem parar. e tinha razão, porque mesmo comigo no meio da rua a tentar fazer com que ele andasse, mal o semáforo passou para verde vi-me rodeada de veículos que passavam por mim de rajada. so much for sensitivity.

o lucky está neste momento a dormir no meu tapete. conseguimos arranjar-lhe uma dona, amanhã já se muda para a casa nova. não, não pude ficar com ele... por várias razões, de saúde e não só (se bem que punha o lucky à frente das minhas alergias). estava exausto, sequioso, esfomeado, adoentado, a pedir mimos com os olhos a brilhar. é o cão mais meigo que já vi. mais meigo que muita gente. mais meigo, de certeza, do que o miserável sem coração que o abandonou. se um dia me faz acreditar mais nas pessoas, logo de seguida vem a confirmação que a maioria delas não vale a pena.

(esta reflexão vem também no seguimento das declarações que ouvi no telejornal dos militantes da frente nacional)


o lucky é lindo. e merece o mundo.

[e vai receber. penso já ter provado um pouco do lado mais claro do mundo, quando adormeceu debaixo dos nossos olhares de protecção. não foi fácil ter sido espectadora medrosa de um 'quase-atropelamento'. foi mais do que um quase-atropelamento de carro sobre alguém. foi um atropelamento visível de fragilidade, de bom sentir. foi saber que alguém largou no abandono, no perigo desmedido, uma criatura que encarna a meiguice]!

martinha



quinta-feira, junho 16, 2005

perfect

too many people take second best
but I won't take anything less
it's got to be... perfect

(estudava ao som da rádio quando esta música - não me lembro do nome do grupo - me fez parar...)

tenho um conceito diferente de perfeição em relação ao que é a sua ideia mais tradicional. para mim, o perfeito não é aquele ideal que se espera alcançar no decorrer de uma vida. tenho o objectivo de ser feliz, e acho que consigo sê-lo sem a perfeição do meu lado. porque esta é, por natureza, temporária, e fugirá de mim sempre que a alcançar. um momento que reluz num sítio obscuro, a perfeição entrelaça-se no nosso tempo e espaço. quantas vezes algo ou alguém foi perfeito para nós, e hoje não possui aquela aura que nos fez sonhar? há segundos preciosos na nossa vida em que, de repente, tudo encaixa. faz-se um click. temos uma iluminação. e percebemos, lá bem no fundo, que temos tudo o que precisamos...

a perfeição é uma tarde passada na cama a ler ininterruptamente, o sorriso, olhar e toque de quem mais gostamos, o adormecer de peles coladas por amor, paixão ou puro desejo (o claro-escuro dos corpos, o tremeluzir do desejo, o crime perfeito que é a cama, os lençóis, o calor), a praia e o sol, o entardecer numa esplanada, o riso louco dos amigos, um erro que no passado foi tão certo e tão perfeito...

a perfeição não é o carro, a casa, o emprego, os miúdos no jipe último modelo, as férias em lugares exóticos onde se sabe estar alguém para testemunhar, o show off a reluzir de falsidade.

o que é perfeito guarda-se como uma pérola rara dentro de nós. passada, presente ou futura, guardamo-la como se fosse tão leve como algodão. e sorrimos, de olhos brilhantes de traquinice, porque temos um segredo, sabemos algo que os outros não sabem, e que é só nosso...

quarta-feira, junho 15, 2005

um dia não são dias?

hoje apetecia-me escrever a esperança. gostava de insuflar quem precisa com este valor, esta palavra que por vezes se esconde de nós. à espreita. à espera de uma abertura.
hoje queria ser mais eu, recuperar o riso inocente, perder o franzir da testa e o olhar (ainda? já?) desconfiado.

palavras fazem um mundo, palavras não se desdizem, palavras são punhais e plumas que nos atormentam. escrevo e gostava de lhes dar vida, de as ver crescer, tropeçar nos primeiros passos, correr. como se pudesse rasurar, riscar, voltar a escrever, e fazer tudo de novo. quando quisesse.

pode ser a dúvida a origem desta reflexão desenfreada, destas palavras que fluem como se voassem. se calhar foi a desilusão - sim. foi ela. - quem me tornou reclusa na introspecção - ocupada. tente mais tarde.

o mundo das palavras é um imaginário que reconstruímos e remodelamos à nossa medida. uma casa à qual vamos acrescentando quartos. o local onde não mentimos. a sensibilidade que vamos perdendo pelo caminho no outro mundo, o "real"...

hoje, gostava que estas letras fossem tão físicas e presentes como o sol e o vento.

encontrei-te.




tu não sabes, mas enquanto um vidro de fumo nos separava, observei - de orgulho e contentamento armada - o teu ressurgimento.
estavas (ainda) mais bonita.
sinto que há um parágrafo, uma quebra de página.
sinto um novo documento, de nome e propriedades distintas aos que já leste, a in(e)screver-se em ti.

olhos e sorriso abertos.
esta és tu.


suficiente.



tenho um bloco de folhas de linhas por preencher com teorias organizadas, fundamentadas, cientificamente provadas, com palavreado específico, obras citadas, autores de renome, analistas conceituados.
tenho tudo isso pronto para as primeiras folhas - de cheiro a novo, direitinhas, de dureza inerente ao bloco por estrear.
não quero isto.
não quero isto para nada.
volto, então, às folhas guardadas no fim. amarrotadas e sem o apoio que as outras lhe dariam, se estivessem no início.
quero escrever de forma recôndita, esconder o que me dá sabor e cheiro, o que emerge no olhar triste-triste de menina perdida em contos passados.

hoje deram uma nota suficiente às minha palavras.
mas a nota é tudo menos suficiente.
não chega.
não é suficiente para continuar, não é suficiente para crer em mim, não é suficiente para acordar sem querer voltar a dormir, não é suficiente para ser.
mas que raio de nota é esta que não é boa, não é má, é apenas...suficiente?!

eis o lusco-fusco da avaliação.



hoje...

a dúvida insinuou-se como metal líquido, gelado ao toque.
perdi-me, não sei quem me perdeu, não sei de mim e do que mais gosto em mim.

duvido.


(espero amanhã encontrar-me.)

terça-feira, junho 14, 2005

elegia a ti.

obrigada, menino-protagonista de estória alegre. estória de passeio completo, sem falhas na calçada.

obrigada por ouvires aquela que chamas de menina doce dos olhos tristes.
a mesma menina que, numa mesa solitária, de chocolate quente frio, te fez sair da tua própria pele, para que pudesses beber todas as gotas cinematográficas do teu amor-filme.

obrigada pela elegia ao verão, "elegia que é também para a menina doce que não deve ter os olhos tristes", nas tuas palavras feitas de açúcar.




segunda-feira, junho 13, 2005

libert[art-e].




arte é liberdade. é imaginação, é fantasia, é descoberta e é sonho. é criação e recriação da beleza pelo ser humano e não apenas imitação da beleza que o ser humano considera descobrir na realidade que o cerca.

[álvaro cunhal, 1996].


até amanhã, camarada.
até amanhã.


dormência.


ninguém deseja o veneno
da noite despovoada.

eugénio.



eu acordo com travo amargo a desalento, de olhos postos numa imagem que, improvavelmente, irá cair na repetição.

o meu corpo ainda está dormente, fruto de um sono imposto, artificial.

hoje acordei com o cheiro da morte. e não sei lidar com a ausência.
vou agarrar-me às palavras e esquecer que nos deixaste.

[eugénio, sinto que as palavras estão, de facto, gastas].


que dia...

álvaro cunhal e eugénio de andrade deixaram-nos hoje...

e portugal ficou incrivelmente mais pobre.

cama.

hoje acordei com o propósito bem definido de ir estudar. mesmo.

só que fui invadida por uma moleza... olhei pela janela com os olhos entreabertos e não estava sol, o céu era cinzento... depois o olhar recaiu sobre o dossier repleto de folhas, matéria, linhas que eu tenho que saber... e por cima do dossier estava o caderno com as aulas... e não tive coragem.

e só me apetecia ouvir em repeat (e ouvi...) esta música: mp3

you can be mad in the morning
I'll take back what I said
just don't leave me alone here
it's cold, baby

come back to bed...

(John Mayer)



(12.24. horas de ir estudar e parar com os devaneios.)

hot hot cold.

tornear as adversidades, as esquinas mais imperfeitas dos dias que correm e deixar a água correr.
não sei como controlar a torneira. como impedir que a água fique demasiado fria, demasiado quente.
como não deixar o corpo arrefecer.
gelar, por vezes.
queimar a pele, vezes demais.

receio que ninguém me consiga ler.
não sei por que razão surge este medo.
chego a recear mais a leitura completa de quem sou.


domingo, junho 12, 2005

bilhetinhos de amor

por que é que já não há bilhetes de amor? e cartas longas?
quando era miúda, era o máximo receber um daqueles papeizinhos dobrados em quatro, que a sortuda abria para descobrir a eterna pergunta: "queres namorar comigo"? depois havia hipóteses de resposta, para assinalarmos com uma cruz no quadradinho correspondente: "sim", "não", "talvez" (quando a rapariga se tornava inventiva, escrevia "nunca na vida" ou "só nos teus sonhos" ou "nem que sejas o último rapaz na terra"; se o rapaz tivesse sorte, era brindado com um "CLARO QUE SIM" - com muitos pontos de exclamação e coraçõezinhos...).
que é feito dessa ternura? e da paixão que levava à escrita das cartas em papel de caderno, com erros ortográficos e muitas cores?
hoje em dia tudo se faz através da internet, do telemóvel... não me compreendam mal, adoro a instantaneidade de receber uma mensagem linda e poder responder logo, a proximidade que isso evoca, mas...

às vezes sinto falta da doçura e ingenuidade de outros tempos, em que se alguém descobria o nosso "amor" ia a correr contar, e gerava-se então a maior excitação no recreio... lembro-me do olhar de uma amiga minha, na primária - sim, primária... - a receber uma prenda do "namorado"... ficou comigo este tempo todo.

haverá?




como se fosse possível fugir para um sítio que não fosse sempre aqui.

[pedro paixão, nos teus braços morreríamos].



*fotografia de alexandra costa; excerto de poema de rui nunes, incluído na exposição far cry - serralves.


you took a white orchid turned it blue.*


pensamos ter uma relação totalmente individual, feita de pedacinhos de unicidade, de jeitos singulares e de momentos ímpares.

para depois, num rasgo de crueldade, vermos num qualquer monitor - descuidado na maneira como expõe as verdades - que tudo não passou de mera (des)ilusão.

o sorriso de olhos fechados deu lugar a uma tristeza serena, de quem já se vai adequando ao hábito.

será melhor prever a despedida.

é difícil fechar as portas verdes-verdes, não deixar o mar sair.


[tenho tanta pena. lamento, de verdade. tu eras a mais recente revolução].


*[white stripes, blue orchid].


sábado, junho 11, 2005

l-o-v-e?

desconfio que o amor manda mais que a nossa vontade.
o amor é um monstro e, ainda assim, quando não o temos desesperamos por ele, e quando o vivemos asfixiamos na convivência.
do que percebo disto, quando uma metade controla, a outra descola.
o amor não é uma doença incurável, mas até ao colapso final pode dizimar algumas vidas. em especial a vida própria.
quantas pessoas já terão terminado uma relação depois de terem analisado que o mau superava o bom? acabar uma relação para ficar sozinho é um acto de coragem. numa relação que se tornou uma doença, os sintomas também aparecem rapidamente e tendem a alastrar-se sem pedir licença. às vezes é preciso acabar antes disso. para que o amor seja pelo menos uma boa memória.
perceber que o amor não é bem aquilo que sonhámos ainda pode ser mais mortal.

(in "O sexo e a Cidália", Grande Reportagem de hoje)


fiquei a pensar nisto.
sempre achei que quando sentimos (bem ao jeito de rui veloso) que "muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa", tínhamos algo de bom.
interessante é pensar que mesmo o que é bom pode não ser saudável.

enfim... deambulações!

shout!!!!!




estou um pouco (só um bocadinho...) farta da época de exames...

que preguiça...

(suspiro.)
Posted by Hello

sexta-feira, junho 10, 2005

se eu pudesse...

... guardava bem guardadinho o cheiro do mar e da pele salgada, e o brilho da água e o calor do sol, e os risos das crianças e os castelos de areia e as conchas e as ondas e os sorrisos e o calor da pele bronzeada...


:)

e distribuía!

because, because.


'cause I'm tired of whys, choking on whys,
just need a little because, because.
[fiona apple, fast as you can].

un-shakespeare.




[hoje quero ser aquela, a outra ou mesmo a outra.
hoje quero ser aquela que não sou eu].
se eu ficar aqui, num cantinho, na mesa do fundo branco, de toques e chamadas e mensagens silenciados.
se eu ficar aqui e mesmo assim conseguires ver-me, não digas a ninguém.



verão?


este ano, o verão chegou mascarado de (re)encontros com o ontem e com a vida depois de vocês.
o verão chegou e susteve a respiração, como se quisesse esconder-se de mim
.
por que teimam em tornar as verdades em meias-verdades ou em omissões constantes e distâncias permanentes?
quero perceber o que está nas entrelinhas.

quinta-feira, junho 09, 2005

quem te perdeu?

quando veio,
mostrou-me as mãos vazias
as mãos como os meus dias,
tão leves e banais
e pediu-me
que lhe levasse o medo
eu disse-lhe um segredo:
"não partas nunca mais"

e dançou,
rodou no chão molhado,
num beijo apertado
de barco contra o cais

e uma asa voa
a cada beijo teu,
esta noite
sou dono do céu,
e eu nao sei quem te perdeu...

abraçou-me
como se abraça o tempo,
a vida num momento
em gestos nunca iguais.
e parou,
cantou contra o meu peito,
num beijo imperfeito
roubado nos umbrais

e partiu,
sem me dizer o nome,
levando-me o perfume
de tantas noites mais

e uma asa voa
a cada beijo teu,
esta noite
sou dono do céu,
e eu nao sei quem te perdeu...


(pedro abrunhosa)


(lindo, lindo, lindo, lindo, lindo, lindo...)

o medo.

era uma vez um leão. um dia, acercou-se da água para beber. ao olhar para ele na água, viu outro leão. o leão rugiu, mas respondeu-lhe um rugido de tal ferocidade que ele deu um salto para trás. ficou junto do lago, durante todo o dia, cada vez com mais sede, cada vez mais assustado. por fim, a sede do leão sobrepôs-se ao seu medo e, desesperado, baixou muito a cabeça para a água. num instante o outro leão... que não passava do seu próprio reflexo... desapareceu e o leão verdadeiro pôde beber livre e demoradamente a água fresca e límpida.

o que serve para mostrar que nunca, nunca se deve recear o que não se compreende. (...) nunca tenhas medo.

(a filha do contador de histórias, saira shah)

por que razão temos nós tanto medo de tudo? e se o que vier for ainda melhor do que o que já foi? e se tudo não passar de um sonho mau? e se tudo acabar bem (um happy ending com sabor a baunilha, doce para tratar do amargo...)? e mesmo que não acabe...

... nunca morrem de curiosidade para ver o que se segue?

medo de um dia acordar e descobrir que não sou eu, que vivo uma mentira, que me arrependo de algo que não fiz, que errei e magoei alguém, que perdi quem me é vital... sim.

quarta-feira, junho 08, 2005

oh sit down...

... sit down next to me...
numa mesa bem no fundo dos jardins da AAC juntámo-nos por ti e para te dizer... parabéns!
adoramos-te, sabias?
:)

terça-feira, junho 07, 2005

quente.



um sorriso prazenteiro, uma espreguiçadeira ao sol, a brisa nas folhas e um sumo gelado.
as ondas do mar e a textura da areia.
o cheiro do alentejo, a beleza de quiaios, a minha barra e as horas a passear à beira-mar com a minha mãe. os risos das férias todas juntas.

sim. era isto que queria agora.

mas hoje já me dou por contente apenas a preguiçar... :)


Posted by Hello

segunda-feira, junho 06, 2005

à lupa.



where is this 'love'? I can't see it, I can't touch it. I can't feel it. I can hear it. I can hear some words, but I can't do anything with your easy words.

[alice, closer].

por isto.

por ser visceral.

por ser um murro no estômago.

por mostrar à lupa o amor com defeito.

por mostrar o amor que conhecemos.



(come on) closer...



não sei como não falei deste filme antes...

(não falei pois não?)

marcante pela simplicidade e crueza, pela ligação com o nosso imaginário, pela semelhança com as experiências - minhas, de tanta gente... cruel na sinceridade. afinal, todos nós queremos alguém - mas por que razões? interessa explorar o porquê de muita coisa... quando afinal tantas vezes nos enganamos a nós próprios ao ver o que queremos em alguém - apenas porque o queremos tanto.
só depois de estarmos bem connosco poderemos estar bem com alguém. como dizem os gift, ain't nobody's love that can help me.

e depois? - bang bang, he shot me down... levantamo-nos e sorrimos até aparecer quem nos faça cantar (como na banda sonora do filme)...

come on closer, wanna show you what I'd like to do...



(falei do filme, apeteceu-me escrever sobre ele...)

Posted by Hello

malvinda a ti.




if every angel's terrible
then why do you welcome them?

[cocorosie, terrible angels]


porque a a pele é ingénua e deixa espíritos presos residirem no coração.
porque tomam conta da nossa frágil liberdade.
e acorrentam o pensamento a
momentos menores.
atiram-nos de um sonho muito alto, assistem à queda de olhar suspenso, espalham os c a c o s de menina despedaçada, e fogem de peito vazio de um qualquer tipo de arrependimento.


malvinda a ti, meu amor.




domingo, junho 05, 2005

lighten up, you... :)



mp3




they love to tell you 'stay inside the lines'
but something's better on the other side



period.


(lichtenstein)


sim. ponto final.
(sorriso, finalmente)


bom dia a todos!

Posted by Hello

hoje.

há um limite para a traição, a crueldade.
não se mata assim a frio uma inocência.
não se ilude com uma flor uma criança para depois lhe dar um tiro.


[(vergílio ferreira, até ao fim].


hoje não me devia ter levantado da cama onde, mais uma vez, não dormi.
hoje devias ter esquecido a tua morte anunciada, o teu aviso de fim prematuro.
hoje não devias ter disparado a bala do desprezo, sem aviso prévio. tiro certeiro, o teu.
hoje não devia ter despido a minha pele de martinha às cores.
hoje não podia ter mostrado o meu preto e o meu branco em pleno espaço de janelas viradas para o mundo.
hoje não devia ter ido ver-te feliz na presença de alguém que não sou eu.

eu não cultivo o derrotismo.

tudo o que tento erguer é, de imediato, derrubado por pessoas que carregam espíritos simples.

sábado, junho 04, 2005

e agora eu desisto.




desistir, v. intr. não querer continuar; renunciar; abster-se; desdizer-se.


não gosto de não ser capaz.
gosto de crer na responsabilidade das circunstâncias externas à minha fraqueza.
não gosto de adivinhar a desilusão nos olhos de quem sempre acreditou em mim.


foi mais um dia mau.

shhhh...



Don't make a sound
Shh and listen
Keep your head down
We're not safe yet
Don't make a sound
And be good to me
'Cause I know the way to somewhere out of here

(frou frou)

be careful who you give your own little private world to.
but if you do... well then... give it all, give it whole.


Posted by Hello

sexta-feira, junho 03, 2005

all I need...

(mp3)

preciso de tempo e espaço
de ar puro
de praia e sol
sorrisos e cinema
livros, muitos, sempresempresempresempre
certas e determinadas pessoas!
amor, paixão, enfim...
de sentir que sou verdadeira
de dar e receber apoio
de sorrir
chorar, também...
sonhar e dormir
sentir...

exame




depois de um dia como o de hoje... não há melhor maneira para descrever o que sinto.

Posted by Hello

insomnia.



04:00
[vira para um lado].
04:30
[vira para outro lado].
05:00
[copo de leite quentinho].
05:30
[tapa. destapa. tapa. destapa].
06:00
[sigur rós].
06:30
[passear no corredor estreito].
07:00
[tenho de acordar. já estou acordada].
07:30
[humpf].


o joão pestana não deve gostar muito de mim.
[e cada tic-tac repete o teu nome].

quinta-feira, junho 02, 2005

visita.



- sim, meu amor, ando a [tentar] estudar.
pena que em cada linha de teor jornalístico só consiga ler-te a ti.
em cada palavrinha sublinhada, tu surges acompanhado de fragmentos temporais de luz transbordante.
entre linhas, lá vens tu visitar-me. silencioso, dizes mais do que estas folhas brancas desprovidas de um olhar interessado.
o desamor sairá no exame?

[- oh marta... (dir-me-ias)]

did you know?




I could be in more than one place
Everyday I could wear a new face

(...)

On the flipside you can do anything
On the flipside winter autumn spring
Let the flipside bring the second winds to change your world...

(in Nitin Sawhney, Philtre)


trocar para um lado mais alegre...
Posted by Hello

tentar voar...



Yes, I'm grounded
Got my wings clipped
I'm surrounded by
All this pavement
Guess I'll circle
While I'm waiting
For my fuse to dry

Someday I'll fly
Someday I'll soar
Someday I'll be
So damn much more
Cause I'm bigger than my body
Gives me credit for

(John Mayer)


(acordei a pensar nisto)

quando parei de querer ser mais?
mais que eu, melhor, sempre?
está na altura de voltar a ser assim...

(bom dia!)Posted by Hello