domingo, julho 30, 2006

[danç]arte no coração.*


há pequenas coisas que, à medida que se vão absorvendo na ausência dos dias, engrandecem de modo irremediável.

digo-o com letras pequeninas porque a palavra é tão grande e assusta tanto e dói e mói e entretanto pode ser que te percas neste polissíndeto interminável que me ajuda a fugir para longe, bem longe daqui, onde o amor levita e faz dançar os pés longe do chão.


[o caminho para ti - sei-o agora - é irreversível.]


gracias a tu cuerpo doy por haberme esperado

tuve que perderme pa’ llegar hasta tu lado

gracias a tus brazos doy por haberme alcanzado

tuve que alejarme pa’ llegar hasta tu lado

gracias a tus manos doy por haberme aguantado

tuve que quemarme pa’llegar hasta tu lado

[lhasa, Pa'llegar a tu lado].

*hífen omitido propositadamente.

contrastes.

em meu redor, amores-que-me-parecem-perfeitos vão sendo semeados e colhidos pelos dias de verão.
em meu redor, futuros de brilho maior aproximam-se de hoje. espelham-se na minha inércia contrastes de quem parte em busca da substância e se esquece de uma forma de vida oca.

traí-me.

sábado, julho 29, 2006

ir.


mark & jenny evans, aqui


pegar em ti e ir. simplesmente ir. para onde, não interessa verdadeiramente. onde possamos ser, sem entraves, onde o tempo não se acaba, onde as horas não se escoam como segundos, milésimos de segundos. afagar o teu sorriso enquanto dormes, afastar com a mão os pesadelos. queria desbravar caminho para ti, para não deparares com a dor a cada esquina. a vida tem uma maneira estranha de nos dar o queremos da maneira como não queremos, mas o pé que se estende ao adormecer ainda enternece, o coração aperta-se, o mimo procura-se.

eu pegava em ti e ia, apenas ia.
e não voltava.

quarta-feira, julho 26, 2006

[con]sequências dos dias.



e as semanas passaram a ser meras sequências de números, encarnando antecipações de paragens cardíacas, de tremores que de novo nada têm.
o fim é para a semana que vem, o fim é no mês seguinte, o fim existe e vai chegar. mais sequência, menos sequência, o amor morre nas minhas mãos.

na presença da ausência.


descansa, (...), que levo o teu nome e as tuas certezas e os teus sonhos no espaço dos meus.

josé luís peixoto, morreste-me.

domingo, julho 16, 2006

mae west.


"quando sou boa, sou muito boa.
quando sou má, sou melhor ainda."

madrugadas feitas de.


yo no quiero desganos, ni falta de pásion

no me digas nada, o dame una razon
la menos pensada, es la que creeré yo


juana molina, la verdad.

quarta-feira, julho 12, 2006

365.




ela pôs a cruz no quadradinho do "sim" e, 365 dias depois, mesmo com a ausência que fez parte deles, nunca se arrependeu.
antes agradeceu.
moti...

sexta-feira, julho 07, 2006



é tão bom quando estamos, simplesmente. quando se respira de alívio. o pé pode voltar a tocar antes de adormecer, o sentimento volta a ter toque, torna-se físico, invade. é bom quando o mimo faz acreditar que tudo valeu a pena, todo o vazio, toda a dor, o eu-metade que por cá ficou. agora o eu existe por completo, cheio, repleto. agora a praia será de novo nossa, as ondas voltarão a sussurar-nos aos pés. a areia ainda guarda na memória o pedido mais belo de sempre. é tão bom reaprender o que nunca esqueci, saborear o que já faz parte de mim. traçar com o dedo cada contorno e sorrir ao arrepio da pele, apreciar o encaixe perfeito.

é tão bonito o verbo regressar.

quinta-feira, julho 06, 2006

lição número um.


you can learn me.

tessa to justin quayle in
the constant gardener.

pesadelo.

acordar cedo e não acabar o sonho.
[e perceber que não vai ser um filme a ensinar-te que me podes aprender.]

terça-feira, julho 04, 2006

abrir a janela e cair na vertigem da ausência.


si un día te vás
y ya no vuelves más

si un día me voy
y ya no vuelvo yo

que grán silencio
todo en suspenso
que vértigo de no verte

retumbo
como una campana


abro la ventana
y entrás tu
entrás tu.
[lhasa].
*pintura de edward hopper.