terça-feira, novembro 29, 2005

do adeus e do fim.


e adormeci com o sabor a fim, a trilho apagado, a tristeza salgada.
eram as memórias a deitarem-se na almofada, a tentativa insistente emafastá-las do sono atrasado e elas a penetrarem um pensamento semi-sereno.
eras tu e o teu outro tu, porque tu não podes ser só um. eras tu a escorregar-me por entre os dedos e o futuro a rir-se de mim porque é vazio de ti, porque tem de ser vazio de ti. eram as desculpas que são culpas, os ódios que são amores, a indiferença que não é senão uma tentativa de restabelecer a paz, de restabelecer-me, porque isto não sou eu, isto não posso ser eu.
é o mundo a lançar dados nos meus dias e eu a não querer jogar mais. é estar farta de dar provas, de ultrapassar os nãos, de correr para não alcançar sim nenhum.


não sabia que a palavra adeus podia dar murros no estômago.




10 comentários:

Anónimo disse...

Tu vale a pena quando a alma n é pequena. N consigo perceber o k vai dentro de ti...pareces em baixo mas o teu sorriso mostra o oposto...

DissidenT disse...

A palavra adeus não tem necessariamente um sentido negativo.
Representa apenas o final de uma etapa e que nos liberta para o inicio de outra, o inicio de algo que esperamos ser melhor que o anterior.

Adeus não é o fim... É um empurrão para algo novo.

*

Anónimo disse...

Não é só a palavra adeus que pode dar murros... Tomara que fosse! Assim as outras seriam inofensivas.

O problema é que as palavras gostam de se aproveitar dos contextos e fazer deles a alavanca com que nos atiram para dentro dos sentimentos mais variados - eu diria mesmo que associadas elas se tornam perigosas!
A única solução que vislumbro é separar os dois para que nunca andem juntos. De futuro, passemos utilizar as palavras descontextualizadas e os contextos vazios de palavras.

Mas pensando bem, é melhor manter as coisas como elas são... Só assim, nesta minha ilusão, tão bem te posso compreender. E uso as tuas palavras, nos contextos que para elas arranjo, para te pintar com as cores de um arco-íris:

"Menina dos olhos verdes-verdes, da vida sol-e-chuva tu fazes-te-me tão triste-contente..."

Timmy Sá disse...

Um adeus que se guarda para dentro dá bem mais do que um murro no estômago...

Anónimo disse...

sentimentos comuns em pessoas desconhecidas... "Adeus" tem sido das palavras mais procuradas por mim para não lutar... Já nao tenho forças para mais...

Martinha o teu talento comove-me...

Força

Princesa* disse...

Adorei, extraordinário...

Apetece-me escrever muito mais, mas seria inútil

Um beijo

guille disse...

parabens pelo k escreves..*

Nani disse...

"Adeus, não afastes os teus olhos dos meus... Isolar p'ra sempre este tempo... E nunca mais largar..."

Anónimo disse...

(a propósito...)
Súplica – Miguel torga

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.



(não deixes de escrever, nunca)
:)

Anónimo disse...

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus