sexta-feira, julho 01, 2005

partida.




hoje observo, de longe, a minha cidade.

dentro de uma música pequenina, abro a janela e respiro as despedidas.
as luzes apagam-se uma a uma. a minha continua acesa. estou demasiado acordada em mim.

penso no que foi e no que já não pode voltar a ser. penso no que ainda é e no que nunca chegou a ser. não penso no que vai ser sempre. a minha crença na eternidade está a perder sentido.
vou dedilhando os dias que contei este ano.
conto ideais puros com que me cruzei, impossíveis - julgava eu - de corromper a esperança.
conto o cansaço inerente à minha fuga baseada em mileum caminhos.
conto uma ira tremenda, que tantas vezes irrompeu. nada saudável, dizem-me.
conto-te a ti que surges, em focos.
conto as vezes que te guardei numa gaveta sem chave. e as vezes que inventei chaves para poder voltar a abrir-te.

hoje vai ser o ontem da minha partida e tu não me vais dizer até amanhã.

quero adormecer na cidade-luz e não acordar aqui, neste quarto cheio de sombras.


Sem comentários: