era uma vez um leão. um dia, acercou-se da água para beber. ao olhar para ele na água, viu outro leão. o leão rugiu, mas respondeu-lhe um rugido de tal ferocidade que ele deu um salto para trás. ficou junto do lago, durante todo o dia, cada vez com mais sede, cada vez mais assustado. por fim, a sede do leão sobrepôs-se ao seu medo e, desesperado, baixou muito a cabeça para a água. num instante o outro leão... que não passava do seu próprio reflexo... desapareceu e o leão verdadeiro pôde beber livre e demoradamente a água fresca e límpida.
o que serve para mostrar que nunca, nunca se deve recear o que não se compreende. (...) nunca tenhas medo.
(a filha do contador de histórias, saira shah)
por que razão temos nós tanto medo de tudo? e se o que vier for ainda melhor do que o que já foi? e se tudo não passar de um sonho mau? e se tudo acabar bem (um happy ending com sabor a baunilha, doce para tratar do amargo...)? e mesmo que não acabe...
... nunca morrem de curiosidade para ver o que se segue?
medo de um dia acordar e descobrir que não sou eu, que vivo uma mentira, que me arrependo de algo que não fiz, que errei e magoei alguém, que perdi quem me é vital... sim.
quinta-feira, junho 09, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Eu acho que um dos problemas está exactamente na tendência das pessoas de misturar o doce com o amargo, quando são coisas independentes... o doce existe sem o amargo e vice-versa... misturar retira metade do prazer.
Ok... prova-se o amargo... não é bom... não quero...
Experimenta-se outro sabor... receio que seja novamente amargo? Inevitável... mas se for doce... é bom... quero... e não é o sabor do amargo que vai fazer com que o doce seja menos doce - antes pelo contrário (???).
Nota: todos nós temos os nossos medos e, por mais que se diga, só nós os podemos ultrapassar... resta saber se estamos realmente dispostos a isso... se a curiosidade de ver o que se segue nos dá força suficiente para "arriscar", para desafiar o medo... seja ele qual for.
O medo (parte 2)
Uns dias depois, o grande leão voltou a pousar no mesmo rio, À mesma hora do dia, com a sede que antes o consumira.. Claro que não saltou para dentro de água, pois ainda havia uma parte dele que tinha medo de ver o outro leão a saltar..
Com o passar dos anos, consegui aperceber-se, compreender que a imagem que sempre observara era, no fundo, a sua alma.. Primeiro teve medo, muito medo, julgou de imediato que a sua alma se estaria a separar do poderoso corpo que a transportava, e que o seu fim estaria perto.. Mas o tempo mostrou-lhe que a distância que os separava, era sempre a mesma e esse passou a ser mais um medo compreendido..
Anos voltaram a passar, e o leão passava horas e horas a contemplar a sua alma.. Um dia, mais tarde que o habitual, o leão foi fazer um pouco de companhia à sua alma, mas a imagem estava menos límpida, menos nítida e desvanecia...O leão teve medo, voltou a olhar, mas depois fugiu...correu como nunca o tinha feito, estava a fugir daquilo que para ele seria o seu fim...
A verdade, é que ainda que o Leão não devesse ter medo do seu reflexo, ele apercebeu-se disso de uma maneira errada, e tropeçou na sua própria compreensão, foi traído por aquilo que julgava ser o correcto..
Esta história terá uma sequela, eventualmente, porque quase todas as histórias têm uma..também terá um fim, como todas o têm..
Confesso que nem sempre aguardo o dia de amanha como um dia aguardei! Tenho medo que se repita o dia anterior, e assim ciclicamente! Mas tem dias em que o peter pan vem mais À tona e quer é que chegue o dia de amanha para poder descobrir novos sítios, sempre sem medos!
Venha o amanhã então!
J
Bem, depois de este teu texto e destes 2 comments, fica pouco para dizer. É muito complicado ultrapassar este medo, mesmo tendo consciencia que quando arriscamos, as coisas ficam resolvidas para o doce ou para o amargo. Na minha opinião, vale bem a pena viver certos amrgos, para viver um doce que seja. E tb prefiro viver um doce, mesmo que depois se torne amargo, a não ter arriscado. Olhando para trás o que recordamos? Os momentos doces que vivemos, certo está. E quem tem medo de arriscar? Recorda que momentos? Quase nada.
Eu sempre arrisquei muito pouco nesta vida, mas qd arrisquei, valeu a pena e recordo com ternura e não com amargura.
Beijocas Tixa.
Há um poema que acaba desta forma: "não tenhas medo de viver a vida, que a vida vive por si".
Cuida de ti, mas não tenhas demasiado medo no hoje nem no amanhã; nem sequer passes tempo a pensar no qe podias ter feito ontem. "Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida" - é sempre um desafio viver!
A segurança é meio caminho andado para sermos bem sucedidos: não te deixes amedrontar por situações menos felizes!
Adoro-te!
Enviar um comentário