(sannah kvist - obrigada pelo blog que me fez descobri-la, prima)
a porta range quando a chave entra. o tapete gasto de muitos passos recebe a carteira que pesa no ombro. as janelas amplas deixam entrar os últimos raios de luz do dia, no caminho para a sala repleta de livros, recortes, fotografias, partes de mim. o quarto é calmo e claro, a cama grande e convidativa. as paredes da casa têm mais que uma cor, o sofá um canto rasgado, as almofadas fios soltos. os livros nas estantes têm os cantos dobrados, algumas das fotografias estão coladas com fita-cola apenas, com os cantos enrugados, de anos de memórias que carregam. a casa de banho é quente, colorida, também com uma janela, sim, janelas são essenciais, dão fôlego à imaginação. a cozinha é grande. o frigorífico tem as coisas favoritas, recados na porta. a cozinha tem as paredes decoradas de ladrilhos verdes. a madeira é escura, é escura em toda a casa, a cor é dada pelas mantas, almofadas, roupa espalhada, candeeiros e post-its com recados. alguém me espera. alguém. o riso é a banda sonora e os vizinhos batem à porta quando ele surge demasiado tarde na noite. os filmes são vistos em companhia, num silêncio que aconchega o final do dia.
quero uma casa assim, um dia.
(mas estou bem onde estou!)