
o inferno é este céu feito de tecto branco, quatro paredes verdes de não-esperança, ausência de vida solar e de conversas entre olhares.
quatro dias a observar o céu sem estrelas, presa aos lençóis sem son(h)os, de estado permanentemente acordado e febril, de cabeça pousada na almofada envolta em palidez profunda, exaustão fervida a temperatura elevada e polvilhada com comprimidosdetodasascores.
mãos presas, corpo pesado. excesso de bagagem que limita voos tão simples como ambiciosos. a doença dá luz à paralização do corpo. nasce a inércia e a palavra sufocada.
o inferno é esta alcoba azul, de onde ninguém acorda, de onde ninguém se levanta para pousar os pés num chão a cores.
and the night sky blooms with fire
and the burning bed floats higher
and she’s free to fly.
(caetano veloso e lila downs, burn it blue, frida ost)