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sexta-feira, dezembro 23, 2005

dias de. são dias de. podem ser dias de?



era tempo de king e de kong, de betty e de boop, de chet baker, joão gilberto, billy holliday, moscatel, sofá branco, ninho azul, pequeno-almoço ensonado, torradas, sumo de laranja, meia-de-leite, miguel esteves cardoso, poesia, desenhos, narizes, gargalhadas sonoras, fotografia, piano, partituras.

não temas o futuro.

dou-te a mão e a coragem. o abraço protector e aquele beijo, sabes? aquele beijo que acalma. que faz fechar os olhos.
dou-te aquele sono, sabes? aquele em que a vida não ganha pó. naquele escuro em que não há limites de imaginário. no meu escuro que é ao lado do teu escuro que podia ser ao lado do meu sono.
leio-te a poesia prometida e a música duradoura.
procura-me.
procura-me e eu deixo que me encontres.


terça-feira, novembro 22, 2005

quarenta e nove.

nas manhãs esperadas, saía de casa - de olhos entreabertos para o mundo -, calcava a calçada suja, feita de rotina colada ao hábito e seguia para o número quarenta e nove.
dia seguido de dia, tocava na campainha branca, à espera que os olhos verdes-verdes subissem as escadas da casa-abrigo.
um dia, num amanhecer como os outros, o olhar acordou mais aberto. assustado. como se não pudesse fechar-se para o futuro instante. a calçada parecia-lhe menos regular e os passos aceleravam o prenúncio matinal.
ao soar estridente do toque branco, os olhos verdes-verdes não acordaram. do interior da cave, não surgia nada, senão o cheiro do medo, um odor moribundo e algumas certezas que não queria certas.
disseram-lhe: "os olhos verdes cederam aos inúmeros avisos. o mundo não cabia nela. ela não cabia no mundo, sabes? adormeceram ao som da morte."
ela sabia a inevitabilidade deste discurso. há muito que receava a chegada deste dia. que temia os dias em que os olhos verdes ficavam em casa, enrolados em mistério, dentro das paredes de um quarto.
fecharam-lhe a porta do quarenta e nove e a dúvida.
respirou, então, a ausência dos olhos verdes-verdes. respirou bem fundo a memória das manhãs madrugadoras, preguiçosas. respirou os fins-de-tarde [tardios], envoltos em exaustão. bocejantes.
fechou a porta e lembrou-se de como esta ausência era tão necessária como previsível.
fechou a porta e seguiu. de mãos dadas com a vida.

sábado, junho 25, 2005

colagens.

pano de fundo, os jardins. os nossos jardins.
voltar a pisar a poeira de tempos secundários, brindar a uma união já desunida, regressar à primeira fila, aos refrões desafinados, ao ska incrivelmente mal dançado, ao improviso dos gestos e das palavras cantadas, à amizade pura, não-labiríntica.

cruzar o presente com o passado. chorar a tua presença em forma de ausência, o teu mais-que-imperfeito olhar sobre mim.

colar com fita-cola estes dois pedaços de vida - o antigo e o recente - e perguntar pelo futuro.
esperar pelo amanhã.
dormir na certeza de que não é isto que quero, não és tu quem quero, não és tu quem posso querer.

sexta-feira, junho 10, 2005

verão?


este ano, o verão chegou mascarado de (re)encontros com o ontem e com a vida depois de vocês.
o verão chegou e susteve a respiração, como se quisesse esconder-se de mim
.
por que teimam em tornar as verdades em meias-verdades ou em omissões constantes e distâncias permanentes?
quero perceber o que está nas entrelinhas.