segunda-feira, outubro 24, 2005

partida.


partiu para esse futuro (in)esperado. na viagem, reparou no seu reflexo.
guardava o sorriso para o menino da cidade-luz.
prova mais um sabor amargo do sorriso que não pode permanecer no rosto.
subiu as escadas e quis lá ficar bem no cimo. mas caiu. caiu e com ela cairam as ilusões, o mundo e tudo o que ele comporta.
o corpo em combustão, a esperança que se foi queimando rapidamente, apoiada nos caminhos-de-ferro.
a incompatibilidade de emoções. a certeza de querer e a outra certeza - a de que(m) não (a) quer.
como era bom viver numa incerteza feita de beijos prolongados, silenciosos, escritos em qualquer espaço - lembras-te?
a incerteza numa noite maior, de luz apagada, de defeitos e pesadelos escondidos.
noite de mãos dadas e protecção plena.
olhos verdes-verdes, repararam no reflexo, pintado de preto e de branco, como se não existissem mais cores no mundo. como se ela não visse as outras cores do mundo. ela não vê as outras cores do mundo.

7 comentários:

Anónimo disse...

realmente o capuccino demora muito tempo a fazer.

Anónimo disse...

nem o amor martinha... que pena.

Anónimo disse...

Jeff Buckley?! Um dos puros - bom demais para este mundo - infelizmente já cá não mora.

Martinha, não vou deixar a letra porque ficaria a faltar muita coisa à música:
"A Town called Paradise" - Van Morisson.

Tens que a ouvir! É uma dedicatória:
"De mim para ti; simplesmente..."

Quando nos cegam, os piores pensamentos tapam as cores dos outros pensamentos, turvam o nosso horizonte. E se eu te disser que, embora baços e opacos, esses pensamentos são fininhos! Tudo o que tens que fazer é espreitar pelo canto do olho, fingindo-te distraída, e logo verás o próximo cenário por detrás...
- Olha! Cores!
- Como é que eu me deixei enganar tão facilmente?

Anima-te!

Black Rider disse...

É-me estranha e dramaticamente familiar essa imagem de contemplar o reflexo do meu rosto na janela de um comboio. Talvez por ter "partido" muitas vezes em circunstâncias similares, a sentir-me embalar num ritmo que me levava para longe de "mim". Viajo tantas vezes que pensei que o hábito fizesse com que certas "imagens" se começassem a esbater. Às vezes isso acontece... mas nem sempre. Os trilhos e as linhas ainda estão bem vincadas no meu coração e a secura dos olhos não as conseguem disfarçar por completo.
Espero que a tua viagem ainda não tenha acabado. Mesmo que o destino passe a não ser esse, de certeza que as cores deixarão de ser apenas cores "ausentes".

YuuH disse...

Cependant, não deixam de ser os olhos verdes mais bonitos que alguma vez vi. =)

Anónimo disse...

Não podia deixar passar a noite só, sem me brindar com letras e mais letras de solidão nocturna, ao som de sigur rós me acompanho a mim próprio num choro de sorrir inquietante. O vento soprou lá fora no vidro do meu carro, tentou falar comigo mas o rádio não me deixou prestar atenção auditiva, não sei o que ele trazia para mim.
Aqui esqueço que as paredes não falam pois eu falo com elas horas a fio nas noites que me transportam para a dimensão inquietante do ser.
Pudera eu conhecer os teus olhos, o teu vento, lamechas me distraio com o sentido das palavras vazias, a minha alma é como folhas de seda pura que voam sem rota nas estradas do vento de mundo em mundo. Navego sempre com as constelações a reger o meu sentir não te preocupes que não sei onde estás. Só te sinto no olhar pois consegues ser dos mais puros que vi, cruel a vida que não prensa com eles numa rua perdida sem paredes que não falam, adorava poder falar com os meus olhos no silêncio. Desculpa a minha inquietude, o meu desespero de comunicar com as paredes, não caio em mim que a sociedade é pior que as paredes mudas.
A noite vai-te trazer certamente o manto da calmaria.
bj hugo fadomorse@hotmail.com,

homesick.alien disse...

Hoje foi só como em todos os dias em que vens.
É sempre igual. Sempre.
E nem é que venhas muito.
Mas as vindas não mudam. Nunca.
Mesmo voltando aqui…nunca cá estiveste.
Pois não?

...tiveste um sonho: era uma vez uma bela história de amor com um final feliz.
...uma história de crianças...

Nesta terra os protagonistas sangram em palco.