segunda-feira, fevereiro 04, 2008

cenas da rua alheia.

(postsecrets)


"posso honestamente apontar o dedo ao momento certeiro porque passava as tuas camisas a ferro. não sei ainda por que não o fazias tu se tinhas algo a esconder mas ó alberta faz-me lá esse favor e eu sim claro pois não a borrifar a camisa e a reparar, a reparar nas manchas de baton que não tinham saído, a reparar, um dia destes ainda escrevo para a empresa do tal detergente que afinal não é nada como eles dizem e me destruiu a vida. porque percebes, assim que elas deixaram de sair com as lavagens eu não podia mais fingir que não as via. e foi assim que deixei de fazer duas torradas de manhã para passar a fazer só uma, foi assim que passei a dormir apenas no meu lado da cama – é que o teu queimava com a falta que me fazias. e tinhas que ser tão banal, tão normal, engravatado a ter uma por fora, a minha mãe bem que me avisou ele tem olhos vadios. 

só que eu pensava que eles vadiavam para mim. e agora a maria do café olha-me com olhos de pena alheia.

eu pensava que eras só para mim." 

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