quarta-feira, janeiro 10, 2007

when I wrote it down [they] couldn't see what was written.*



dizem que a caçadora de palavras adoeceu. disjuntada, caíu na reticência da morte e tossiu frase nenhuma. começou por tropeçar em vírgulas. já não sabia parar em pontos finais. iniciou uma sucessão infinita de espirros fraseados, pouco perceptíveis, feitos sem parágrafos. emudeceu e, por isso, assassinou o bloco e a caneta. estancou a tinta e rasgou as folhas em pedaços de metades de palavras reformadas.
dizem que a caçadora de palavras nunca conseguiu caçar palavras felizes – é uma área restrita, disse-lhe o administrador, certo dia. ela nunca acreditou e, por isso, arriscou dicionários e enciclopédias, trilhando os caminhos recurvados das promessas e dos sonhos.
dizem que a caçadora de palavras se aventurou demasiado e se perdeu tanto na aventura como na demasia.
*matt elliott

3 comentários:

homesick.alien disse...

there's no time for words in happiness.

Anónimo disse...

Sou um viajador de blogs. Raramente dou a minha opinião, porque a bem sei inútil e indesejada. É que contrariando o espiríto "público" que criou a internet muitos bloguistas não apreciam a intromissão de estranhos, ou anónimos no seu espaço.
Atentei bem ao vosso. Tem jeito, do pouco que escrevem escrevem quase sempre bem. Deviam era escrever mais. O blog está carregado de aspas, e só onde não está é que podemos apreciar, e não digo avaliar, o vosso talento, do qual à partida não tenho dúvidas. Portugal precisa de novos escritores, de pessoas irreverentes com palavras próprias, de gente que se mostre e que começe bem cedo. Eu, não sendo escritor, garanto, também não sou um voyeur de blogs que só quer espreitar o mundo dos outros. Sou menos que isso. Sou um acompanhante do futuro desta arte, um curioso de palavras.
Por isso tive tanta pena que ao ler o vosso blog ele esteja um pouco atolado de músicas, aspas e declarações de amor. Fiquei surpreendido com alguns posts, e por isso se me revela tão confuso que não usem o vosso talento aqui de forma mais agressiva, preferindo revelar o que sentem por palavras que não são vossas.
Não quero que julguem estas minhas palavras como uma crítica. É mais que isso: sou eu, reconhecendo talento, desiludido pela muita passividade dele.
Dizem que quando o aluno estiver pronto o mestre aparece. E nunca se sabe se algum visitante intrometido não vos dará a oportunidade de se mostrarem.
os meus melhores cumprimentos, José Machado

Rita Delille disse...

Para quem as lê em cada traço, as palavras são angustiantes. Porque são a vida. Desistir delas é desistir de ti. Elas transformam-se ao teu lado. Marta, nunca desistas delas. tu és demais :)