domingo, junho 26, 2005

finding neverland...


foi impressionante ver como me tocou um filme. deixou mil e uma ideias a rodopiar em mim, chocando umas contras as outras, troçando do meu ar aflito ao tentar ordená-las.

todos nós temos a nossa terra do nunca, onde nos refugiamos de queixo enfiado nos joelhos e pensamos furiosamente - como se ao tentar encontrar uma explicação racional a dor se esvaísse em fumo. a meio do filme diz-se que mal se encontra um pouco de felicidade neste mundo, vem logo alguém a correr alegremente para a arruinar. se calhar é por isto que eu guardo aqueles tais momentos de perfeição genuína cada vez mais para mim. sei que corro o risco de regressar à minha própria neverland e descurar o que de real me rodeia, só que por vezes dói demais ver a falta de certas coisas - ver olhos brilhantes a menos, sorrisos a menos, honestidade a menos, humildade a menos.

tenho saudades da ingenuidade de outrora, em que acreditava piamente que as pessoas que eu mais adorava nunca morriam. nunca se afastavam. nunca desapareciam, deixando um vazio a transbordar de saudade. saudades, saudades, saudades... de tudo me parecer enorme e novo e excitante, de sorrir sem reservas, de ir dormir com a alma em paz...

sim, sei que a terra do nunca não é a realidade onde construímos as nossas vidas, castelos de areia de sonhos, onde lançamos papagaios de papel com palavras de esperança. mas não fica muito atrás.

fica no meio. assim a meio caminho entre o sonhar de olhos abertos e o dormir de olhos apenas meio fechados.


- onde é a terra do nunca?
- dentro de ti. onde ainda guardas, a sete chaves, o sonho de voar. onde és tu próprio.
- e se eu não a encontrar?
- é porque não procuraste bem... ela está lá, à tua espera. está sempre. nós é que nos esquecemos de sonhar. perdemos o mapa. o X marca o local...

5 comentários:

Anónimo disse...

Que texto impressionante... :)

É fantástico como há tanta gente que se deixa fascinar por esta história... por esta ideia...
A identidade que se perde e logo se ganha... a prova que se alguém que acredita na bondade só não encontra a Terra do Nunca se não procurar bem ou se não a quiser encontrar... dentro de si mesmo...

...quanto a mim... "second to the right, then straigh on 'till morning!"

João Tiago disse...

Damn..

Nem um chocolate quente, nem tão pouco um bolo de bolacha, me conseguiriam deliciar tanto.

Gostava de ser alguém sábio, com enormes barbas brancas e com a maior bagagem da vida, para poder comentar esta pequena delícia. Como não sou, como nunca vou ser, apenas me vou limitar a dizer :

"Just smile and wave..Just smile and wave.."


Bata, Bata, Batatoooooon!

B :)
*

P.S.
O X marca o local. Mas tudo o que é bom..conquistado tem de ser, certo?

:)
*

Mákina disse...

Há algo que me intriga: pq tanta gente sente isto? pq é q sentimos um mundo a fugir de nós? pq temos saudades da ingenuidade? se assim é, o q está mal? acho q nos preocupamos demasiado com o q nos rodeia. é em nós que temos de vasculhar a felicidade.
Tixa, eu estarei aqui sempre que quiseres e/ou precisares. É só percorreres um bom caminho que o sinto cheio de espinhos no inicio dessa viagem. ok? Eu ... estarei a sorrir!

Anónimo disse...

filme fabuloso, um dos melhores de spr.... k me traz boas recordações....sentada nas cadeiras poeirentas do Avenida, ao lado do rapaz da pérola do atlantico....

Rita Delille disse...

oh. ana maria...