terça-feira, maio 24, 2005

Ofir.



quero acordar num início de manhã, abrir as portas ao pinhal imenso que me espera lá fora, tomar café no Senhor Costa, caminhar nas poucas tábuas dos corredores de madeira velha, pisar um areal deserto, olhar o mar calmo de inúmeros pontos negros, correr até à Apúlia dos moinhos antigos, cair no sabor do gelado do guardador da praia, cruzar-me com o Carlinhos de equipamento futebolístico de côr desgastada, fazer compras no Senhor Marino - lugar de relíquias como aquele Âncora de laranja... -, deixar a pele escurecer até camuflar as imperfeições que me cobrem, fumar um cigarro clandestino numa varanda à venda pelo menos há cinco anos, juntar forças para, com a minha prima, tentar ensinar o rafa a não ladrar às bicicletas, às motas, aos carros, às pessoas, aos pássaros, às pedras...a tudo.
quero colher migalhinhas de simplicidade, quero estar num lugar só meu, desencontrado dos percursos dos que me conhecem, quero receber palavras de quem está longe e ansiar pelo fim de uma quinzena, chegar a uma cidade-fantasma e encontrar-te à minha espera, encontrar-te sedento dos nossos dias, adormecer numa casa vazia de ruídos, acordar com o teu sono ao meu lado - desta vez, sim, num despertar tardio pela vontade de ficar, ficar, ficar.




1 comentário:

Anónimo disse...

Que bom que é fazeres-me sonhar!
Summer time, and the living is easy...