quinta-feira, outubro 26, 2006

música que faz bem à alma...


zero7


...ou "caramba, como isto é bom".


we are the light that travels into space

quarta-feira, outubro 25, 2006

numa sala de espera, ali estava ele. olhar perdido na humildade de quem sabe que já não tem a força de tempos idos, os membros tolhidos como se uma força invisível os prendesse, os passos vagarosos, tacteantes. só os olhos brilhavam, iluminados pela luz que vinha do filho pequeno, irrequieto no seu carrinho de bebé, a sorrir a toda a gente, a descobrir tudo com os olhos inteligentes. as mãos dele tremiam, mas o olhar era sustentado pelo riso do filho.

comovi-me muito, ali, naquela sala de espera.

o ser humano é extraordinário.

a fiel jardineira.


prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui


[ruy belo, toda a terra].

ter o corpo em espera.

não ter tempo para o tempo rasga as paredes da palavra.
não ter tempo para o tempo junta os retalhos de um doloroso silêncio.
não ter tempo para o tempo põe o ponto final aqui.

dita(dapta)do.

é fácil colher bons ventos em tempestades alheias.

terça-feira, outubro 24, 2006

domingo, outubro 22, 2006

pessoa, de novo.


para ser grande, sê inteiro: nada

teu exagera ou exclui.
sê todo em casa coisa. põe quanto és
no mínimo que fazes.
assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive.

ricardo reis

sábado, outubro 21, 2006

black dahlia.


negro, muito.


avizinha-se uma noite mal dormida

(a imagem do palhaço e do cadáver no jardim ainda me assombram).

sexta-feira, outubro 20, 2006

o guião de todos os dias.


we have a whole life to live together you fucker, but it can't start until you call.

[christine jesperson, me and you and everyone we know].

o centro das desatenções, parte II.

como se naquele funeral, ela fosse a própria defunta.

quinta-feira, outubro 19, 2006

quarta-feira, outubro 18, 2006

banda sonora outonal.

There's a light of each end of this tunnel you shout
cause you're just as far in as you'll ever be out
And these mistakes you've made
You'll just make them again if you'll only try turnin'
around

2Am and I'm still awake writing this song
If I get it all down on paper it's no longer inside of
me threatening the life it belongs to.
And I feel like I'm naked in front of the crowd
Cause these words are my diary screamin' out loud
And I know that you'll use them however you want to.

But you can't jump the track
We're like cars on a cable
And life's like an hourglass glued to the table,
No one can find the rewind button now
Sing it if you understand...yeah breathe
Just breathe, ohho breathe...

anna nalick.


domingo, outubro 15, 2006

aninhar-me.

kurt halsey. que boa descoberta.

é entre lençóis brancos que os sonhos rodopiam e não me deixam dormir.

sábado, outubro 14, 2006

[re]volver o baú da memória.


vivir, con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que llora otra vez
*



Volver é um filme feito de regressos. Almodóvar regressa ao princípio dele próprio. O realizador castelhano camufla o espírito rebelde e faz as pazes com a infância, revisitando as raízes e aninhando-se no colo da figura maternal, encostando-se à memória de quem o criou. Pela voz sofrida do tango, passeia-nos por La Mancha, observa o corre-corre aldeão, a vida regrada por hábitos e rotinas populares. Desde os beijos repenicados à ausência do conflito ruidoso, passando pelo pacífico luto e culto negro da morte, ou pelos espiritualismos assertivos.
Em sotaque manchego, somos presos a um pretérito imperfeito, onde assuntos ficam por resolver e estórias são arrastadas para o silêncio. Pela mão do vento sueste, chegam as recordações, que se diluem no presente e apagam as fronteiras temporais. Não fosse o guião escrever-se sobre a ambiguidade fantasmagórica de Irene (Carmen Maura), que se constrói em linhas trémulas entre vida e morte e consolida a ideia de purgatório na terra.
Volver é ilustrado pelas cores garridas de Irene, Raimunda (Penélope Cruz) e Soledad (Lola Dueñas), e Paula (Yohana Cobo), quatro mulheres à beira de um ataque de nervos, três gerações de segredos, luta interior, desespero e coragem desmedida.
Almodóvar não escreve um melodrama de uma Espanha recôndita. Conta-nos, sim, uma outra Espanha, feita de outras protagonistas. Uma região por moldar, em estado bruto. De simplicidade em punho, entrecruza e confunde os risos e as lágrimas, fazendo brotar o humor cáustico sob a forma de comédia triste.
Volver é, de facto, voltar ao elogio da mulher, à ausência masculina. Voltar à essência dos traços femininos, nus e crus, espelhados na tela falada de Pedro Almodóvar.



* excerto de “Volver” de Alberto Iglesias, cantado por Estrella Morente.

quinta-feira, outubro 12, 2006

fernando alberto reis de campos pessoa.

não sou nada.
nunca serei nada.
não posso querer ser nada.

à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...

quarta-feira, outubro 11, 2006

e é de repente que me falta o ar...

... quando encontro fotos passadas de sorrisos rasgados.

sexta-feira, outubro 06, 2006

o [meu] novo cinco de outubro.

implantação da incerteza.

segunda-feira, outubro 02, 2006

lição de adição, pluto. sempre.

"ainda agora tinha tudo sabido
mas há sempre uma nova lição"


os dias que passam, as horas que se escoam devagar como mel, o olhar vazio perdido à procura não se sabe bem do quê mas sabe-se que é daquilo que se precisa. sempre uma nova lição no fundo a que se desce. para que depois nos possamos apoiar nela, qual escada, e subir de novo. segue-me à luz, diria o manel. mas a escuridão é mais segura, já nos habituámos, já a vestimos e usamos colada a nós. grande a tentação de desistir do mundo e perder a fé nas pessoas, quando se perde também a fé em nós mesmos.

precisa-se: seta a indicar "way out".

domingo, outubro 01, 2006

o centro das desatenções.

como se naquele funeral, ela estivesse vestida de vermelho.