terça-feira, novembro 29, 2005

do adeus e do fim.


e adormeci com o sabor a fim, a trilho apagado, a tristeza salgada.
eram as memórias a deitarem-se na almofada, a tentativa insistente emafastá-las do sono atrasado e elas a penetrarem um pensamento semi-sereno.
eras tu e o teu outro tu, porque tu não podes ser só um. eras tu a escorregar-me por entre os dedos e o futuro a rir-se de mim porque é vazio de ti, porque tem de ser vazio de ti. eram as desculpas que são culpas, os ódios que são amores, a indiferença que não é senão uma tentativa de restabelecer a paz, de restabelecer-me, porque isto não sou eu, isto não posso ser eu.
é o mundo a lançar dados nos meus dias e eu a não querer jogar mais. é estar farta de dar provas, de ultrapassar os nãos, de correr para não alcançar sim nenhum.


não sabia que a palavra adeus podia dar murros no estômago.




segunda-feira, novembro 28, 2005

fábula tim burtiana.


can't hardly wait.


domingo, novembro 27, 2005

supersónico.

Nobody knows it but you've got a secret smile

And you use it only for me

Nobody knows it but you've got a secret smile

And you use it only for me



So use it and prove it

Remove this whirling sadness

I'm losing, I'm bluesing

But you can save me from madness



Nobody knows it but you've got a secret smile

And you use it only for me

Nobody knows it but you've got a secret smile

And you use it only for me



So save me I'm waiting

I'm needing, hear me pleading

And soothe me, improve me

I'm grieving, I'm barely believing now, now



When you are flying around and around the world

And I'm lying alonely

I know there's something sacred and free reserved

And received by me only

(semisonic, secret smile)

(you are my) spark. you are.

All the colours are crackling, the leaves are alive
With a note from your heart I keep written inside
Frozen air surrounds your eyes
As you speak fountains collide

With a mouth full of stars I trip over my feet
You've blown me away, I can hardly speak
Stolen my silence, scattered my peace
I'm lost in the dark, mislaid my spark

Memories of you fading into the past
To keep you inside freeze your kiss so it lasts
In the shadow of your light
I live my days like they were nights

With a mouth full of stars I trip over my feet
You've blown me away, I can hardly speak
Stolen my silence, scattered my peace
I'm lost in the dark, mislaid my spark

All the space that you need and the silence you plead
I've thrown them away cause your signs I can't read
Forgotten thrills in the summer chills
Frozen air surrounds your eyes

With a mouth full of stars I trip over my feet
You've blown me away, I can hardly speak
Stolen my silence, scattered my peace
I'm lost in the dark, mislaid my spark

(nitin sawhney, spark, philtre)
antonio manuel pinto da silva

espiral ascendente
descendente
ascendente
descendente
ascendente
...
?

bolas.
o que se faz quando dói?
quando o mundo pesa. só se quer dormir.
não se dorme por se sonhar demais.


equandodóiequandonãoestásnemtunemeleoquesefaz?

honestamente, sinto-me como se estivesse no fundo de uma garrafa de vidro verde-garrafa vazia, a solidão escrita no rótulo em letras garrafais, mas no fundo estou acompanhada e nem sei por que escrevo estes disparates que não o são porque são meus sim eu sei que quem lê não percebe mas se me faz melhor...

E se tudo tivesse corrido mal?
e se...

...

mas não.

que bom.


quarta-feira, novembro 23, 2005

dúvidas perenes.



should I stay or should I go now?
if I go there will be trouble
an' if I stay it will be double.


[the clash].

terça-feira, novembro 22, 2005

quarenta e nove.

nas manhãs esperadas, saía de casa - de olhos entreabertos para o mundo -, calcava a calçada suja, feita de rotina colada ao hábito e seguia para o número quarenta e nove.
dia seguido de dia, tocava na campainha branca, à espera que os olhos verdes-verdes subissem as escadas da casa-abrigo.
um dia, num amanhecer como os outros, o olhar acordou mais aberto. assustado. como se não pudesse fechar-se para o futuro instante. a calçada parecia-lhe menos regular e os passos aceleravam o prenúncio matinal.
ao soar estridente do toque branco, os olhos verdes-verdes não acordaram. do interior da cave, não surgia nada, senão o cheiro do medo, um odor moribundo e algumas certezas que não queria certas.
disseram-lhe: "os olhos verdes cederam aos inúmeros avisos. o mundo não cabia nela. ela não cabia no mundo, sabes? adormeceram ao som da morte."
ela sabia a inevitabilidade deste discurso. há muito que receava a chegada deste dia. que temia os dias em que os olhos verdes ficavam em casa, enrolados em mistério, dentro das paredes de um quarto.
fecharam-lhe a porta do quarenta e nove e a dúvida.
respirou, então, a ausência dos olhos verdes-verdes. respirou bem fundo a memória das manhãs madrugadoras, preguiçosas. respirou os fins-de-tarde [tardios], envoltos em exaustão. bocejantes.
fechou a porta e lembrou-se de como esta ausência era tão necessária como previsível.
fechou a porta e seguiu. de mãos dadas com a vida.

domingo, novembro 20, 2005

gracias.



Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído, que en todo su ancho
Traba noche y dia grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida,que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida

(violeta parra)


porque somos nós que decidimos a nossa vida. as estrelas não guiam, iluminam.

gracias a ti...

quarta-feira, novembro 16, 2005

amanhã, liberdade.


empurro-me, todos os dias, para amanhã.
amanhã, amanhã, amanhã.
amanhã vou abrir as portadas da janela, colar a luz no quarto.
amanhã vou esconder-me de vocês, vou ficar enrolada no novelo que criei, vou arrumar coração e sangue e pele num canto do corpo e respirar um cenário novo.

'amanhã vou ser feliz, não vou, mãe?'
respirar um cenário limpo. livre de infinitas histórias finitas.
l-i-b-e-r-t-a-r--m-e.
soltar o orgulho amarrado e explodir a esperança.
negar o desamor e a nudez do coração. o meu coração. o teu desamor. negar-te.
[fotografia de ryan mcginley].

quinta-feira, novembro 10, 2005


por
vezes
as
palavras
não
funcionam.



só as mãos
curam.

segunda-feira, novembro 07, 2005

um, dois, três: respirar.



respirar uma noite construída em inícios do século XX, de som alto a perfurar o peito; a música a entrar e a ficar e a pedir para que permaneça como âncora em tempos agrestes.
e eras tu, a um nível superior do nosso olhar, a criar palavras de uma perfeição que magoa, que inibe as tentativas de ascender ao cume de mim.
era a vida a espelhar-se nos refrões cantados e eu a sussurrá-la para mim - baixinho, porque ninguém pode saber como sou prisão, como o nada bate a porta, que me lembro morte e sorte, como encarnas revolução, como és tudo o que eu vejo, como o dois (não) veio depois.

e é o regresso à vida impedida, à vida sem ti e sem ela, sem ele e o outro. sem mim.

de repente o assunto é assunto e tu mergulhas bem fundo, fugindo do amor. cá estarei no fim dessa espera até ao tempo do que era e não volta a ser.
[pluto].

sexta-feira, novembro 04, 2005

back to yyy.



em março vou ser uma pessoa muito mais feliz.
três y's, muitos gritos estridentes e palavras saltitantes.

Os norte-americanos Yeah Yeah Yeahs terminaram as gravações do segundo álbum. O grupo nova-iorquino pretende editar o sucessor de «Fever to Tell», de 2003, no decorrer do mês de Março de 2006.. O registo foi misturado na cidade de Londres, por Alan Moulder. No álbum ainda sem título definido constam temas como «Cheated Hearts», «Honey Bear» e «Down Boy».


de nenhum fruto queiras só metade.*


não te percas na epiderme de ninguém.
procura, e encontrarás o que está para além de um quarto de luzes mortas.
não te esqueças de ti nesse quarto. esse quarto é efémero, é uma divisão de felicidade momentânea.
não tardes o encontro com as palavras que suplantam o silêncio.
não sejas meio fruto e não queiras ter meias emoções.
não sejas porto de passagem.
não vivas de beijos com deadline, alegria limitada e choro contido.
espera pelo todo, pelo completo, pelo inteiro.


*[torga].

quarta-feira, novembro 02, 2005

precisa-se.


ânimo para dormir menos e fazer mais, para não pôr a vida em suspenso por um ano, para tentar ser forte como eu antes conseguia, para seguir em frente com os olhos postos no futuro em vez de esperar sentada por ele, pelo dia em que do longe se fará perto, bem junto de mim.

So tell me baby please, are you near?
Just tell me one more time, are you near?

(the gift)